Sunday, May 13, 2007

É sempre melhor da maneira que não pode ser!

Porque é que quando somos pequeninos tudo é tão mais simples? A amizade, por exemplo. Se brincamos no recreio, somos amigos. Se preferimos ser as tartarugas ninja, ninguém se zanga por não brincarmos às barbies com a amiga do dia anterior.
E no dia dos anos, que alegria (!), todos vão. Os pais fazem os convites e não precisamos de escolher entre este ou aquele. E recebemos imensos presentes (dos quais nos esquecemos num instante, mas que no momento fazem de nós as pessoas mais felizes do mundo).
Podemos rir e chorar sem que ninguém julgue o que quer que seja de nós. Se estou triste, porque não hei-de chorar? [Acho que a maioria das pessoas ainda não reparou, mas chorar faz com que a dor passe mais rápido]. E se estou feliz, para quê controlar as gargalhadas. Há alguma coisa melhor que ver /ouvir (ou dar!) umas belas gargalhadas ruidosas? Daquelas que nos fazem cair no chão agarrados aos abdominais com lágrimas à mistura.
Quando se é criança também não existem preocupações (levante a mão quem goste de estar preocupado!): o pai leva à escola, a mãe prepara o farnel...até a roupa é escolhida por outros.
Não vemos o telejornal que mostra a desgraça que há por aí, nem morrem pessoas de quem gostamos (e se morrerem, nem percebemos muito bem.."vai para o céu").
Falamos com qualquer um e não temos essa pessoa a pensar qualquer coisa para além do que dizemos..mesmo que seja do sexo oposto.
Vamos ao jardim e podemos sujar-nos de terra sem parecermos uns descuidados; podemos atirar água uns aos outros e brincar à apanhada.
Será que alguém tem saudades disto? Porque é que se quer ser "crescido" quando se é "pequeno" e "pequeno" quando se é "crescido"?

3 comments:

JAC said...

se calhar porque tudo tem vantagens e desvantagens... e nós queremos sempre 'só as coisas boas'. Estou aqui a falar, mas se queres que te diga, tenho tantas saudade de quando as coisas eram 'tão mais simples'. A verdade é que elas parecem simples agora, na altura não era bem assim... ok, acho que não tenho resposta exacta, mas vale sempre a pena pensar sobre isso!

grande beijo :)

JPC said...

Porque, já dizia a Lena D'Água (o que se segue é uma pérola de sabedoria popular), só estamos bem onde não estamos, só queremos o que não temos. Ou então...
*

Anonymous said...

sabes, isso faz-me lembrar um capítulo da filosofia chinesa e as diferenças desta para a nossa; segundo esta cultura distante, o maior símbolo da liberdade é o actor - tem o guião, sabe o que fazer e dizer, o que esperar, tem tudo delineado por ele e não tem desilusões. engraçado como para nós o mesmo exemplo significa o oposto...não ser "livre" de fazer as próprias escolhas, exposto às consequências sempre inesperadas...há sempre duas maneiras de encarar as coisas, mas..qual delas a melhor? em contrapartida nessa altura não tinhas conhecimento, a vida era supérflua, não havia um montão de possibilidades que tens agora (tipo pegar num carro e ir para marrocos;P ) mas tenho de dizer que me soube bem ler as memórias de um tempo bom..=) la vida es una fiesta, lleva la contigo;) *